Conhecer a Antártida foi uma experiência inesquecível, diz jornalista

Relato por Leka Peres

Foram mais de 18 horas dentro do avião, sem contar outras de espera e conexão. Mas se tivesse que passar outras 18 horas para passar um dia na Antártida faria tudo de novo. Depois de sair de São Paulo, fazer escala em Santiago e chegar até o final do continente americano em Punta Arenas, nossa “base”, saímos rumo o continente gelado no sábado pela manhã. A ansiedade de pisar num lugar, habitado basicamente por pinguins e alguns poucos seres humanos, fez com que a noite fosse mal dormida e às 6h30 já estava de pé esperando as 2 horas de voo até a Ilha Rei George.

A condição climática já adiantava um gosto da sorte que teríamos ao longo do dia. Com um céu azul tivemos o voo confirmado para as 10h00 da manhã e ao meio-dia pousamos na base militar chilena. Fomos recebidos por alguns guias e a primeira impressão é que estávamos num outro planeta, um planeta gelado (menos frio do que esperava) e cheio de rochas e gelo. Nos apressamos para pegar um bote e visitar o Glaciar Collins no outro lado da ilha.

Outra sorte foi ter como piloto de bote e guia, a figura pitoresca do Alejo Contreras, um expert em Antártida que nos confirmou que aquele era um bom dia para estar ali, já que a temperatura não estava tão baixa e os ventos não tão imprevisíveis. Mas já no bote, enquanto avistávamos os primeiros tons de azul do Glaciar, a temperatura começou a baixar.

Ao descer do barco nos deparamos com uma praia de pedras e uma montanha de gelo ao fundo. Ali passaríamos nossa tarde, e que tarde! Ali já avistamos os donos do pedaço, os pinguins e uma família de leões marinhos. A sensação é que você está num daqueles filmes de canais de aventura. Fizemos o desafio que Halls nos proporcionou, de beber água da geleira junto com a bala, e a água ali realmente é especial.

O resto do tempo foi de muitas fotos e muita contemplação, um silêncio e uma paz indescritível. Com a aproximação do final da tarde retornamos aos botes e iniciamos o caminho de volta. Pedimos para Alejo nos levar mais próximo ao Glaciar, mas o velho marujo antártico avisava que não era o ideal. Passamos bem perto daqueles penhascos azuis de gelo que impressionam.

O tempo começou a mudar, mostrando para nós que a natureza é quem decide as coisas por ali. O vento forte e frio fazia a sensação térmica baixar para os menos 20, menos 30 graus. O que tínhamos vivido ali era muito especial, e que poucas pessoas dos bilhões que habitam esse planeta terão a chance de estar naquele local. E mais uma fomos brindados com a sorte de ver uma baleia a metros do nosso bote. Como se ela nos mostrasse que aquele dia tinha sido magico do começo ao fim. Todos da expedição estavam em êxtase e impressionados.

Aquele dia ficará marcado em nossas vidas, é impressionante como as vezes algumas horas viram histórias pra uma vida inteira.

Leka Peres, 28 anos, jornalista, é uma das vencedoras do Desafio Halls Prata